O Mítico Poder Nônuplo

 "The Cauldron of Inspiration" de E. Wallcousins (1912)

Da observação de que o número 9 (nove) é diversas vezes referido em mitos e histórias da tradição druida antiga e contemporânea, comecei a refletir que esta provavelmente é uma poderosa numerologia celta. Devo isso a matrona e madrinha Blodeuwedd que me abriu à energia desse número. O compreendi como uma força ou mesmo um sistema que rege boa parte do que consideramos o fazer druídico. A chamo de Nawfed Pwer (Nona Potência), um termo em galês para denominar uma vivência espiritual de gnose e de estudo das narrativas célticas. Acredito que foi a forma mais honesta para denominar essa ideia religiosa que também se apresentava nova para mim e do qual decidi expô-la. 

Ela é feminina, como a Deusa Branca, um aspecto com nove rostos ou personas. A nona potência está presente na Awen (inspiração divina bárdica), na constituição material/espiritual de um ser, nos feitiços druidas, na formação de um guerreiro, no treinamento de um rei e na ordem que rege o Outro Mundo. A Nawfed Pwer não é uma entidade em si, mas encarna-se como energia na triplicidade dos deuses celtas, dos mundos e dos homens. De modo simples e rude, a nona potência é a liga que une várias forças interdependentes, como o trabalho de um ferreiro. Convido-o para analisar comigo alguns exemplos míticos do mundo celta que acredito que possam nos reconectar com as nove potências. 

CÂD GODDEU 


De nove tipos de faculdade 
Dotou-me Deus a mim: 
Sou fruto de frutos recolhidos 
De nove tipos de árvores 

(versos 145-147) 


Os versos acima citados estão presentes no poema tradicional galês Câd Goddeu, datado do século XIV no Livro de Taliesin, sendo a tradução retirada da obra A Deusa Branca do renomado autor Robert Graves. As estrofes desse poema relatam a história de Gwydion fab Dôn e de como encantou as árvores para lutar numa batalha como seu exército. A raiz do nome desse deus feiticeiro e campeão tem relação com o mundo da floresta, já que Árvore ou Ramo em galês é Goeden, tendo uma pronuncia muito semelhante. Em algumas interpretações, Gwydion recebe o título de Nascido das Árvores. 

Sabemos que as árvores podem ser elencadas como o cerne do caminho druida, já que a própria palavra Druida deriva da união de uma árvore, o Carvalho, a sabedoria milenar da tradição. Gwydion é referido nos contos do Mabinogion como um feiticeiro, nada mais claro para se tratar de um druida. Assim todos os druidas são como Gwydion, nascidos das árvores, reconhecendo-as como as dríades mães de sua tradição. Além disso, os druidas, assim como Gwydion, podem invocar as árvores como um exército para lutar contra as mazelas do mundo. 

Mas é necessário tomar a atenção que Gwydion proclama no poema que “Deus” dotou-o de nove tipos de faculdades, ou seja, nove formas de capacidades e dons naturais, como as que estão no líquido elixir que inspira os poetas no caldeirão de Cerridwen. Cada uma das árvores deu a Gwydion uma arte. Ainda cita que é fruto entre os frutos desses nove tipos de árvores: ameixa, marmelo, mirtilo, amora, framboesa, pera, cereja negra, cereja branca e sorva. Essa combinação de frutos que vieram das árvores podem representar nove personalidades de Gwydion, já que ele é um fruto que mistura as qualidades de todas as nove outras. 



BLODEUWEDD 


Nove poderes de nove flores 
Nove poderes em mim conjugados 
Nove brotos de plantas e de árvores 
Meus dedos são longos e brancos 
Como a nona onda do mar. 

(Hanes Blodeuwedd) 


No Quarto Ramo do Mabionogion, denominado Math, filho de Mathonwy, conta-se uma intrigante história onde uma mulher-fada é nascida a partir de nove poderes e nove flores. Tudo inicia-se quando Arianrhod lança a tynged (um destino, tabu ou proibição) em seu filho renegado Llew Llaw Gyffes, de que mesmo nomeado e armado, nunca teria uma mulher da raça humana. Gwydion que havia acolhido o rapaz como um filho se enfurece com as palavras de Arianrhod e junto de seu tio, Math fab Mathonwy, criam Blodeuwedd (Rosto de Flor) através de nove poderes e nove flores. O Hanes Blodeuwedd é o poema também presente no Livro de Taliesin, onde se canta seu nascimento. 

Mais uma vez o número nove aparece-nos relacionado à nove tipos de árvores ou plantas, agora focado em suas flores, citadas na tradução do poema por Robert Graves como: prímula, giesta, rainha-dos-prados, joio, faveiro, urtiga, carvalho, espinheiro e castanheiro. Cada flor que criou Blodeuwedd também contém sua personalidade feminina traduzida em sua assinatura natural. As prímulas são literalmente as primeiras que desabrocham na primavera, revelando sua qualidade de juventude, beleza e amor. As giestas têm raízes profundas por conta do solo em que nascem, assim como suas hastes floridas elevam-se alto, denotando sua expansividade e altivez. Já as rainhas-do-prado tem um cheiro aprazível que diz que afasta as cobras, ou seja, uma planta que não exala maldade e aumenta a coragem. E assim por diante, cada dríade se revela. 

Se olharmos para as qualidades das nove flores que criaram Blodeuwedd, poderemos observar as personalidades que se manifestam nessa divindade. Os nove poderes que exalam das nove flores podem ser compreendidos como os rostos de Blodeuwedd, as formas pelas quais a divindade se apresenta para o mundo. Seus dedos longos e brancos como a nona onda do mar nos dão a pista que Ela é uma senhora do Outro Mundo, por si só divina e feérica. As Nove Ondas do Mar referem-se a uma fronteira entre o aqui e o além. Na filosofia do druidismo moderno acreditamos que também nós somos divinos, formados de qualidades, capacidades ou personalidades que nos fazem ser o que somos no mundo. Sendo assim, Blodeuwedd pode nos mostrar e nos sintonizar aos poderes, as flores e as ondas que estão dentro de nós.


PREIDDEU ANNWFN 


“Minha poesia, do caldeirão, foi proferida. A partir do sopro de nove donzelas, foi acesa. O caldeirão do chefe de Annwfn: Qual sua aparência? Uma crista escura em torno da sua borda e pérolas. Não faz ferver o alimento de um covarde; não foi assim destinado.” 


Taliesin canta o trecho do poema galês acima, denominado Preiddeu Annwfn, datado do século XIV. As estrofes desse poema contam a história de como o Rei Arthur levou seus fabulosos guerreiros campeões ao Outro Mundo, denominado Annwfn. O bardo Taliesin é considerado um vulto poderoso na tradição druida, uma gota de inspiração preciosa para bardos, vates e druidas modernos. Tornou-se um grande poeta após ter tomado as três gotas benditas de Awen que cozinhavam no caldeirão de Cerridwen, recebendo assim todos os conhecimentos, palavras nobres e vidência. 

Essas três gotas de Awen que Taliesin recebeu como dom o elevam ao sopro de nove donzelas que acendem ou alimentam o fogo em sua cabeça, assim como alimentavam o fogo que aquecia o caldeirão. Na cultura celta, frequentemente é afirmado que os bardos recebem o dom de ter fogo na cabeça, um forte brilho na testa que acende quando estão inspirados. Nove musas ou donzelas sopram esse fogo para que jamais se apague, assim sendo a tradição também nunca morrerá. Sabemos, por exemplo, que foram graças aos bardos que o druidismo sobreviveu, já que estes possuíam o dom da Awen e resguardaram a maior parte da tradição oral céltica, assim como a renovaram com o tempo. 

Nove donzelas sopram o fogo na cabeça. São nove aspectos femininos que detêm todo o conhecimento da tradição druida. Esses arquétipos como musas inspiram aqueles que tomam as três gostas do caldeirão da Deusa Branca.Toda força que Cerridwen cozinhou por um ano e um dia estava apenas concentrada em três gotas? Se pensarmos o que equivaleria uma gota em relação a um caldeirão, pelo menos poderíamos multiplicar sua força nove vezes, ou seja, a nove poderes. Assim como ferve a poção, a poesia do druida cresce no caldeirão. As gotas de inspiração abrem a cabeça/caldeirão de Taliesin a receber o sopro feminino nônuplo que acende a chama que aquece seu crânio e o faz a proferir as palavras nobres. O poder do nove aparece como um aspecto internalizado que se expande para fora. 


"King Arthur in Avalon", ilutração de Dante Gabriel Rossetti (1857)

VITA MERLINI 


“A Ilha das Maçãs, que os homens denominam de ‘Afortunada’ recebe seu nome do fato de que ela produz todas as coisas em si mesma; os campos não tem necessidade de arados dos agricultores e carece de todo cultivo, exceto o que a natureza oferece. De acordo com sua vontade própria produz grãos e uvas, e as macieiras crescem em seus bosques de grama muito aparada. A terra por si mesma produz tudo em vez dos pastos, e as pessoas vivem lá cem anos ou mais. Lá, existem nove irmãs governadoras de um conjunto agradável de leis...” 



Outra importante referência ao número nove está no Vita Merlini, do século XI, de Geoffrey de Monmouth . Esta obra é também muito importante, já que fundamenta boa parte do nosso olhar sobre a figura do mago Merlin dos contos arthurianos. Assim como é uma das primeiras obras a citar a feiticeira Morgana Le Fey. No trecho acima citado de Vita Merlini, há uma breve descrição da Ilha das Maçãs (Avalon ou em galês, Affalach), a terra dos afortunados para onde se vai após a morte. Um lugar descrito com campos muito férteis, onde a terra tem vontade própria e ninguém é acometido por doença ou morte. 

Essa terra maravilhosa só poderia ser governada por nove aspectos femininos: Morgen, Moronoe, Mazoe, Gliten, Glitonea, Gliton, Thiten, Tyronoe e Thitis. Coincidência ou não, podemos provar que nove personalidades femininas muitas vezes aparecem na tradição druida. Vemos isso no culto à deusa Brigit, onde nove donzelas virgens se ocupavam de seus afazeres rituais. Ilê Du Sein, na França, é considerada a ilha onde habitaram nove donzelas sacerdotisas. Nove mulheres de muito poder aparecem de forma clara em diversas histórias da mitologia celta. O Merlin também entrou em contato com essas nove musas. 

As Nove Irmãs Governadoras de Ynis Afallach se manifestam como versadas nas artes e beleza, assim como benevolentes senhoras que ditam as leis no Outro Mundo. A Ilha das Maçãs aqui pode ser interpretada como o inconsciente, onde tudo floresce, frutifica e tem vontade própria. E esse lugar do nosso ser, onde pode-se viver mais tempo sem nenhum dano ou dor, é onde governam nove aspectos femininos que representam mais uma vez as nossas personalidades, os nossos rostos para o mundo. São as senhoras de Avalon mantêm a paz entre os mundos, nomeiam os reis celtas, que armam os guerreiros para a batalha e aventura e pedem para voltarmos para casa quando é necessário, muitas vezes indo a nossa busca quando devemos partir na morte. 

PEREDUR, FILHO DE AVRAWC 


“Peredur continuou o seu caminho. Logo encontrou um castelo e bateu a porta. Esta foi aberta por um jovem gracioso, de cabelo castanho com a estatura de um guerreiro e a idade de um rapaz. No salão do castelo estava uma dama alta e majestosa, rodeada de aias, que recebeu Peredur com alegria. Depois de comerem, ela disse-lhe que deveria procurar outro local para passar a noite, pois no castelo habitavam nove feiticeiras, as feiticeiras de Gloucester.” 


O trecho acima citado é parte de um dos contos independentes do Mabinogion denominado Peredur, filho de Evrawc. Neste conto, Peredur é o herói principal, um tipo de Hércules, o único filho sobrevivente de Evrawc e que é levado por sua mãe para longe de qualquer referência da guerra. Tendo falhado na empreitada, já que Peredur acabou vendo cavaleiros de Arthur na floresta. Sua mãe o aconselha a ser um bom guerreiro e morre de desgosto quando este parte a corte. Mas como ele não é bem recebido pelo cavaleiro Cai, parte em viagem pelas terras do reino para provar sua nobreza. Em cada lugar que chega, enfrenta um desafio e vence, muitas vezes poupando seu oponente desde que vá ao Rei Arthur e relate o que houve para que saibam de seu valor. 

Em um desses episódios, Peredur encontra o castelo de Caer Lloyw ("Fortaleza Brilhante") onde é impedido de passar a noite, já que as Nove Feiticeiras de Gloucester ou Naw Gwiddonod Caerloyw haviam dominado as terras ao redor daquele local e o matariam. Mas Peredur decide ficar e defender o castelo do ataque das bruxas. Pela noite uma delas ataca um vigia e nosso herói a impede de entrar. A feiticeira pede que ele tenha misericórdia de sua vida, já que estava no destino dela leva-lo para treinar a arte das armas e da cavalaria. Peredur aceitou-a como professora, desde que as feiticeiras de Gloucester não atacassem mais aquele castelo. Por três semanas Peredur aprendeu com as nove feiticeiras a manejar todo tipo de arma. 

Nove formas femininas nos aparecem mais uma vez como mestras da arte, agora de um guerreiro. As Nove Feiticeiras de Gloucester podem representar nove estágios de Peredur, do qual este devia passar para se tornar o mais célebre cavaleiro de Arthur e encontrar quem ele era, já que ficou tanto tempo longe do seu verdadeiro ser protegido por sua mãe. Ao se tornar cavaleiro de Arthur, Peredur também descobre que as Nove Feiticeiras de Gloucester mataram seu primo e deixaram seu tio aleijado, o que causou boa parte da confusão em sua vida. Peredur pede vingança a Arthur, que aceita e parte a caça das feiticeiras. Foi a batalha mais difícil de todas para Peredur, já que ao matar uma das feiticeiras, esta o denunciou: “Este é Peredur, aprendeu as artes da guerra conosco e está destinado a matar-nos”. Ao matar as Nove Feiticeiras de Gloucester, Peredur alcança seu eu verdadeiro, pois havia enfrentado todos os seus egos e libertado suas virtudes.



AS AVENTURAS DE CORMAC PELA TERRA DA PROMESSA 


“Ele depois viu uma fonte brilhante em um pátio, com cinco rios saindo dela com as tropas se revezando para beber sua água. Nove aveleiras de Buan cresciam sobre o poço. As aveleiras roxas soltavam suas avelãs na fonte, os salmões que estavam nela as abriam e mandavam suas cascas fluírem rio abaixo. O som da queda daqueles rios era mais melodioso que qualquer música que os homens cantam.” 

(A Taça de Cormac) 


As Nove Aveleiras de Buan fazem parte de um cenário elencado nas Aventuras de Cormac pela Terra da Promessa, texto presente no Livro de Ballymote e no Livro Amarelo de Lecan, datados dos séculos XIV e XV. Cormac Mac Airt foi um alto rei da Irlanda e seu período considerado na mitologia medieval irlandesa o mais próspero. Cormac ficou muito conhecido e ainda o é na tradição druida atual por suas instruções aos reis, onde define-se um conjunto de boas práticas e comportamentos para uma liderança. 

O caso a se analisar nessa narrativa irlandesa é que as Nove Aveleiras de Buan rodeiam uma fonte brilhante que alimentava os cinco rios principais da Irlanda (uma espécie de Omphalos ou Áxis Mundi, centro cósmico). Nessa fonte viviam salmões que se nutriam das avelãs que caiam na água. O Salmão é reverenciado como um animal mítico que representa a sabedoria, a inspiração e a vidência. No conto galês Culhwch e Olwen, o salmão de Llyn Llyw é considerado o animal mais velho do mundo e era o único que sabia onde estava Mabon. Finn macCumhaill queima seu dedo em um salmão que cozinhava ao fogo e ao colocar o dedo na boca num ato de amenizar a dor, ele consegue ver o futuro. 

No conto A Taça de Cormac, existe uma relação entre os salmões e as Nove Aveleiras de Buan. A aveleira no alfabeto Ogham (Coll) está ligada a intuição, sabedoria, criatividade, verdade e ancestralidade. Referida como “a mais doce árvore” ou “a mais bela árvore”, a Aveleira é a árvore das musas, já que a beleza e a doçura podem ser associadas facilmente a música e poesia. Sendo assim, as Nove Aveleiras de Buan lembram-nos os nove aspectos femininos que rodeiam como dríades a fonte que abriga o Salmão da Sabedoria que guiará os que vieram em busca da inspiração. A fonte pode ser um caldeirão a cozer o salmão da sabedoria, onde o fogo é alimentado pelo sopro de nove musas representadas pela dríade da Aveleira. O caldeirão da Deusa Branca que contém todo conhecimento em sua sopa sagrada. 




Em conclusão, podemos compreender que os nove tipos de flores que criaram Blodeuwedd e de árvores que deram os frutos que dotaram Gwydion são arquétipos importantes que nos levam a buscar personalidades que nos constituem. Precisamos identifica-las em profunda meditação, encontrar suas qualidades, cuidar e deixar frutificar. 

A poesia de Taliesin também pode ser encontrada em nós, quando acessarmos os nove sopros e nove musas que alimentam o caldeirão e o fogo na cabeça. Assim como o Salmão como animal totem nos liga ao espírito das nove aveleiras para mergulharmos na tradição e encontrarmos o druida/bardo interior. 

As nove feiticeiras que Peredur enfrentou são as sombras que habitam em nós, do qual precisamos ouvir os ensinamentos e então nos tornarmos mais fortes para lutarmos com elas. As Nove que governam a Ilha de Avalon fazem relação com as leis mais perfeitas do Outro Mundo do qual o um rei precisa para conduzir seu reino, equilibrando o mundo humano e o Outro Mundo. 

As nove personas, donzelas, feiticeiras ou musas parecem ser um tema recorrente na literatura mítica céltica. Esses mitos, poesias e contos podem ser a chave para um antigo mistério diante a numerologia do nove. Mais do que isso, são chaves para portas interiores de sabedoria ancestral que desejam ser abertas. 

Por Llewellyn Mawr 



Referências mitológicas: 

VARANDAS, Angélica. Mitos de Lendas Celtas: País de Gales. Portugal: Livros e Livros, 2007. 
WOOD, Juliette. O Livro Celta da Vida e da Morte. Tradução de Denise C. Rocha Delela. São Paulo: Pensamento, 2011. 
GRAVES, Robert. A Deusa Branca. Tradução de Bentto de Lima. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
SAMPSON, Fay. Herself: Book Five of Morgana le Fay. Estados Unidos: Cosmos Books, 2006.

Referências de sites consultados:

Templo de Avalon - link aqui.
Ildiachas Gaelach - link aqui.
Sacred Texts - link aqui.

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