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Mostrando postagens de março, 2020

Um olhar sobre o Apadrinhamento Espiritual

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Costumes Irlandeses, século XVI Neste ensaio pretendo lançar-me a um tema que causa momentos de reflexão e do qual encontramos pouco material escrito no olhar druídico: o apadrinhamento espiritual . Isso tem partido de experiências pessoais com divindades, que tem trazido à tona a curiosidade. A questão já é mais clara em outras tradições espirituais, onde divindades regem a vida de um protegido humano. Para isso recorri a alguns textos e mitos que expressam a prática do Fosterage (acolhimento), um tipo diferente de adoção praticado e registrado nos quatro cantos do mundo celta. Nesse sentido, quero pensar histórica e culturalmente como se dava essa ideia no mundo céltico, incluindo os exemplos míticos. Logo, o cerne da discussão é como no caminho druídico atual podemos considerar e definir a hierofania da presença essencial/ancestral de deuses e deusas que irradiam sua influência em nosso caminho espiritual como padrinhos e madrinhas. Deixo então uma contribuição.  Encontr

Blodeuwedd: Análises e Paralelismos

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Blodeuwedd: Análises e Paralelismos por Argante – Arc’Hant Afallon Alarch © 2009.  Publicação original em Ynis Affalach Tuath, clique aqui . Tradução e adaptação por Llewellyn Mawr fab Blodeuwedd © 2015 Trabalho fotográfico de Katerina Plotnikova A história de Blodeuwedd é contada no Quarto Ramo do Mabinogion.  Seu nome significa “Face de Flor”, e ela foi criada por Math e Gwydion (um Woden/Odin Céltico) utilizando nove flores. Seu propósito era se tornar noiva de Llew, pois – devido o feitiço de sua mãe – ele nunca poderia casar-se com uma mulher humana. Blodeuwedd é apresentada como uma criatura do Outro Mundo, uma mulher-fada dotada de poderes mágicos – como Rhiannon, esposa de Pwyll. Ela encarna o arquétipo da virgem iniciadora e da noiva de maio. Ela é a Soberania, a Deusa Céltica da Terra que se casa com um herói e permite que ele se torne rei.  Porém, Blodeuwedd trai Llew e ele consequentemente enfrenta a morte (simbolicamente a iniciação, um renascimento)

A Mulher no Mundo Celta

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A mulher no mundo celta por © Viviana E. O’Connell Texto original em espanhol publicado na Revista Sitio Al Margen Tradução e adaptação por Llewellyn Mawr fab Blodeuwedd © 2015 Eva Green interpretando Morgana Le Fay na série de televisão britânica Camelot (2011) A mulher celta não existe. Esta é a primeira conclusão que cheguei depois de uma busca infrutífera nos vários materiais de bibliotecas sobre ela (1). Com bastante frustração, consegui extrair algumas linhas depois de ler vários volumes. Este silêncio histórico não é casual, pode se dever em parte a questão de gênero e em parte por se tratar de um povo primeiro vencido pelos romanos e, consecutivamente, em seu ultimo abrigo – a Irlanda – conquistado de maneira pacífica pela fé católica.  O modelo da mulher celta enfrentava, a princípio, o modelo grego-romano e depois o modelo judaico-cristão. Nada melhor que os romanos para dizermos o que a mulher celta provocava neles.  Tácito em seu relato da invasão da

O Druidismo Moderno - Parte II

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“O druidismo é uma jornada sagrada de descoberta sobre a beleza e a santidade de toda a vida, física e espiritual. No entanto, não é suficiente que o druida saiba que toda a criação é sagrada: o caminho leva além desse ponto, a um local onde se pode tocar aquela realidade divina. A jornada do druida é sentir o toque dos deuses, de qualquer forma que os perceba, entrando em contato – com corpo e espírito – com o espírito que revigora o mundo”.  (Emma Restall Orr, 2002)  O Druidismo Moderno é uma religião politeísta, o que quer dizer que seus praticantes acreditam em muitas divindades, cada qual dotada de sua especificidade, característica hábil e personalidade. A reverência do druida normalmente dedica-se a deidades madrinhas e/ou padrinhas, que são pertencentes aos diversos panteões mitológicos das populações célticas. Dentre as origens podemos encontrar deuses e formas de culto da cultura britônica, gaélica, celtibérica, gaulesa, manesa, dentre outras. Também existem as

O Druidismo Moderno - Parte I

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“A partir do momento que o tipo celta de sociedade desapareceu, era normal que o Druidismo desaparecesse, uma vez que já não podia ser experimentado como uma religião. Restaram os princípios do druidismo. Mas será que tudo se foi? Certamente que não. Daí a busca apaixonada do Druidismo Moderno, qual seja a sua forma, para tentar encontrar o que foi o pensamento druídico, o que foi o ritual druida.”  (Jean Markale, 1987)  O Druidismo Moderno é um constructo simbólico-religioso, cultural, filosófico, social e histórico do mundo contemporâneo ou pós-moderno. Essa construção foi e é creditada, feita e exercida por pessoas de diversas origens, olhares e valores estéticos que se identificam em seu dia-a-dia com os horizontes e possibilidades inseridas nos conhecimentos, saberes e fazeres célticos, tradicionais e/ou ressignificados. Há de se tecer este comentário antes de começarmos aqui qualquer ponderação relevante.  Etimologicamente, a origem do termo Druidismo vem do se